DÉCADA DE 70
Aposta no Turismo
Como reflexo do fechamento das madeireiras, muitas empresas de setores variados fecharam suas portas. Surge então a oportunidade de construção do Hotel Charrua, de propriedade de Ernani Dieterich, que passou a necessitar de mão de obra para a construção e posteriormente para o trabalho no ramo hoteleiro. Nos anos seguintes, no mesmo segmento hoteleiro, aconteceram as construções do Hotel Laje de Pedra e do Hotel Continental. Apesar de continuar belíssima, Canela já não tinha mais a fama de outros tempos precisava apostar no turismo para impulsionar o seu desenvolvimento.
Os Donos da Lageana
Até meados dos anos 70 ainda havia muitos colonos morando na Lageana, mas a partir dessa época foi ficando cada vez mais difícil se manter trabalhando a terra pedregosa e devastada deixada pelas madereiras, apenas com arados de boi e enxadas. As pessoas vendiam suas moradas e lotes de terra a fim de se deslocar para o centro de Canela ou regiões próximas, em busca de melhores condições para viver. Nessa época, encontrava-se bem estabelecido no Caracol e já com certa idade, um casal de descendentes da Família Wasem que não pretendiam sair dali por motivo algum.
Pelo contrário, investiram na compra das terras dos colonos que iam embora. Eram Roberto Albino Brocker (neto de Guilherme Wasem Filho) que casou com sua prima Ivone Nunes Brocker (neta de Paulina Wasem). O casal teve três filhas. Vera, a mais velha, casou-se com Luiz Renato Boeira, natural de Canela que, ao conhecer as terras da Lageana, ficou encantado com o local, e desejou que um dia aquelas terras fossem suas. Durante todos esses anos, Luiz Renato Boeira construiu seus negócios e criou sua família em Canela, mas nunca deixou de investir suas economias nas terras da Lageana: sempre que aparecia oportunidade, adquiria um hectare a mais. Hoje, a grande da maioria das terras que compõem o vale da Lageana pertence a Luiz Renato Boeira e à família do sogro, Roberto Albino Brocker.
É neste belo vale que a nova geração de descendentes de Guilherme Wasem está criando uma área de preservação e turismo ecológico, a fim de proporcionar ao turista uma experiência inusitada em um local rico de belezas naturais e de história.
(Trecho do TCC de Adriane Brocker Boeira Guimarães)
A nova Capela Santa Cecília no Banhado Grande foi inaugurada, embora as missas já ocorressem ali desde uma década antes, mesmo com a obra inacabada. A porta, em madeira trabalhada, foi doada pela Família de Reinaldo Muller. A decisão de mudar a Capela de lugar foi consenso na comunidade. A Pedra Fundamental foi benta em 1959 e a capela foi toda construída em Pedra. As pedras eram retiradas de um local próximo e carregadas por carretões de boi. Porém, por falta de verbas e de entendimento sobre a construção levou muitos anos para ser concluída. (tem foto)
1971
Em 19 de dezembro inaugura o Hotel Charrua
1972
Um Carrilhão de Presente
Em 1972 a igreja matriz recebeu um carrilhão de 12 sinos de bronze, que leva o nome de Carrilhão da Independência e foi fabricado pela fundição Giacomo Crespi, na Itália. Os sinos ficaram sem funcionar por cerca de 20 anos, somente no final de 2005 é que eles voltaram a soar. As torres da Igreja com 65 metros de altura guardam o conjunto de 12 sinos de bronze, denominado “Carrilhão da Independência”, por ter sido inaugurado oficialmente na torre da Igreja Matriz no dia 07 de setembro de 1972, data do Sesquicentenário da Independência. Os sinos foram doados por João Bolognesi, em memória e cumprimento da vontade de sua esposa Dona Gilda Bolognesi e foram fabricados pela Fundição Giacomo Crespi, em São Paulo, fundada em 1500, em Cremona, na Itália, e transferida ao Brasil em 1958.
Com a doação dos 12 sinos à Igreja Matriz, o Cônego João Marchesi resolveu comprar na mesma fundição, em São Paulo, um sino de 150 kg para a Capela Nossa Senhora de Caravaggio. O Cônego mandou fundir de um lado, os dizeres: “Os devotos de Nª Sra. de Caravaggio oferecem ao Santuário de Saiqui”.
Nova Época - Em 25 de dezembro estreia o Jornal Nova Época que funcionaria até abril de 1981.
1973
O Padre Marchesi recebeu o título de cidadão canelense das mãos do Prefeito Ernani Reis em 30 de novembro de 1973 e após sua morte foi homenageado pela Administração Municipal que perpetuou sua memória dando seu nome a uma Escola e uma Avenida.
Aeroporto - Inaugura o Aeroporto de Canela
José Vellinho Pinto
José Vellinho Pinto estava recém formado em engenharia quando seu pai, José Luiz Corrêa Pinto, construtor do Laje de Pedra o convocou para a obra. Ele chegou a Canela em dezembro de 77 e nunca mais saiu. No final dos anos 70, depois de entregue a obra, José optou por continuar em Canela, criou sua própria empresa de empreendimentos imobiliários e começou a construir. Mas o sangue da política corria forte nas veias dessa família - o avô José Vasconcellos Pinto, fora intendente de Cruz Alta e deputado estadual, e em Canela os tios João Alfredo Corrêa Pinto e Pedro Paulo Corrêa Pinto também eram políticos - e José Vellinho tomou gosto pelo dever civil de contribuir com a cidade que escolhera para viver e criar seus filhos, envolveu-se com a campanha do tio para prefeito, com os ideais do partido e virou político também. No Estado foi Presidente da CRTUR, Presidente da CRT e Presidente da FEEPS. Em Canela foi eleito prefeito por três vezes, em 1989, 1997 e 2000, e em 2020 foi eleito vereador.
Do primeiro casamento com Mariela Schlieper, José Vellinho Pinto tem duas filhas Martina e Manuela, e os netos Frederico e Antonella. Do segundo casamento com Mara Zanatta Kunrath, os filhos Bárbara, Ana Vitória e José Francisco. Atualmente é casado com Adriana Guimarães.
1975
Laje de Pedra - Início da construção do Hotel Laje de Pedra. Ficou pronto em 1979 e em 1981 sediou a Festa do Disco reunindo os principais músicos de todo o Brasil. O Laje de Pedra também se tornou o primeiro condomínio de luxo da Serra. Um novo passo para o desenvolvimento do turismo.
Fim do Ginásio - Na quarta-feira 3 de dezembro de 1975 as manchetes do jornais pegaram a todos de surpresa anunciando o fechamento do Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora. O Colégio das Irmãs Bernardinas fechava suas portas vencido pelo déficit que se acumulara nos últimos anos. Com aprovação do Arcebispo, o Cardeal Dom Vicente Scherer, os estudantes remanescentes foram distribuídos por outras escolas e o imponente prédio transformado em Casa de Retiro Espiritual, Cursilhos e Encontro de Jovens e Espaço para Congressos e Conferências.
1976
SESI em Canela
Na gestão de Olício Port frente à ACIC, foi conquistada a instalação de uma unidade do Serviço Social da Indústria (SESI) que pouco mais adiante em 1980 inaugura o Centro de Lazer Dr. Ildo Meneghetti. Após esta conquista, Olício Port, que foi reeleito em 1978, se afasta dos trabalhos da entidade para se dedicar ao curso de pós-graduação em Direito na Universidade de Caxias do Sul. Sem novas eleições, a ACIC ficaria desativada até 1983.
1977
Decana da Hotelaria
Anita Corrêa é homenageada como Decana da Hotelaria no Rio Grande do Sul, significa que ela era o membro mais antigo da classe hoteleira no Estado.
Falece O Cônego João Marchesi
Faleceu em 15 de junho de 1977 no Hospital de Caridade de Canela aos 74 anos. Nesse dia os sinos tocaram de hora em hora, e seu corpo foi velado na Igreja Matriz onde se encontra sepultado. A Rádio Clube só tocou músicas clássicas e toda a cidade parou em sua homenagem. A missa de corpo presente foi celebrada pelo arcebispo Dom Vicente Scherer, pelo Bispo Dom Benedito Zorzi, por 83 sacerdotes e toda a população da cidade.
1978
Rádio Clube de Canela e Pedro Dias
Colocar na voz tudo aquilo que é possível alavancar a imaginação do ouvinte com emoção é a essência do teatro e também da rádio. Respirações, pausas, nuances, ritmo, ápices narrativos e claro, muita música! O rádio é mágico. Quantas amizades, namoros e casamentos ele fez. Quantos remédios, cadeiras de rodas, empregos e serviços conseguiu. Em Canela, não foi diferente.
“Senhoras e senhores, aqui quem vos fala é Josué Fávaro de Caxias do Sul, estou ao vivo diretamente do Cine Marabá na pacata cidade de Canela para a inauguração oficial da Rádio Clube de Canela. Agora a cidade vai poder contar com um rádio, a primeira da região sob o comando do Senhor Semílio Zeferino Munaretti e vai poder ouvir muitos boleros e tangos no conforto da sua casa”.
Todos os dias às seis horas da manhã o mesmo LP de Giuseppe Verdi com a música clássica Aida era colocado para abrir a programação e encerrar às dez horas da noite. Em 1953 a direção da rádio passa a ser do Senhor Carlos Aldyr Selbach do Sulbanco, que introduziu programas de auditório no Cine Marabá e liderou a rádio por 14 anos entregando em 1967 a direção para o Senhor Otto Albuquerque. A década de 60 foi muito difícil para as emissoras de rádio em função do regime militar que impunha condições rígidas para seu funcionamento.
Em 1978 Pedro Raymundo Dias, empresário do ramo do comércio de material de construção, sem nenhuma ligação com comunicação, tampouco ouvinte da rádio adquiriu o controle acionário da emissora, para surpresa da família. Pedro Dias estava preocupado com a cidade, para ele Canela não podia deixar de ter uma rádio, apaixonado pela comunidade e sua história ele começa então a luta para aquisição da Rádio. Após a concessão definitiva, a grande dificuldade foi sem dúvida, reconquistar audiência, trocar equipamentos artesanais e obsoletos e criar uma programação diferenciada com mais potência. Ele não só conseguiu como dedicou toda a sua vida a intensidade de administrar, criar, gerir e dar voz a inesquecíveis transmissões como o Grande Jornal Regional, mediando debates políticos entre tantas outras programações de forma apaixonada deixando um legado de profissionalismo e amor pela sua Rádio Clube de Canela.
O rádio é uma tecnologia capaz de unir povos e culturas, um instrumento ainda hoje de primária importância. Sabemos das grandes revoluções que envolveram a rádio nas últimas décadas, mas mesmo assim continua sendo um companheiro para todas as horas. Na rádio tudo é imediato: a notícia que é dada, a música que se coloca, o feedback dos ouvintes. E mesmo ouvindo ele hoje pela internet, continuamos a nos encantar. Quem foi radialista e comunicador como seu Pedro Dias sabe o poder da rádio na vida das pessoas. E assim como em 1978 ele achava que não podia deixar a cidade de Canela sem informação e entretenimento, seu neto Lucas Dias, outro sonhador e apaixonado por música, decidiu assumir a rádio em 2016 dando uma nova roupagem e seguir de certa forma, o legado do avô. Ideologias diferentes, épocas diferentes mas um mesmo sonho e paixão em comum: as ondas sonoras e eficazes da rádio!
Texto de Lisiane Berti
1979
Criado o Corpo de Bombeiros Voluntários de Canela
O Corpo de Bombeiros de Canela foi fundado em 24 de outubro de 1979, pelo Decreto nº 514/79, como Sociedade Civil Corpo de Bombeiros Voluntários, posteriormente passou para a Prefeitura Municipal. Em 31 de Janeiro de 2006, passou a ser Comandado pelo Corpo de Bombeiros da Brigada Militar. Frederico Zorzan era secretário de governo da Prefeitura de Canela e foi o grande mentor e incentivador que ajudou a reunir os cidadãos da comunidade que de forma cooperativada se estruturaram comprando mangueiras e o equipamento necessário.
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