Canela, Mulheres e Histórias
- Almanaque de Canela
- 8 de mar.
- 2 min de leitura
Texto de Lisiane Berti

Como escreveu Albert Einstein: “a maturidade começa a manifestar-se quando sentimos que nossa preocupação é maior pelos demais que por nós mesmos”.
Canela sempre teve em sua formação pessoas que desbravaram fronteiras e deixaram sua marca na história, seja por imigrantes que vieram atrás dos seus sonhos ou por aqueles que aqui nasceram e povoaram a “ilha perdida no meio dos trópicos”, como dizia João Corrêa. E claro, como toda boa história que se preze, as mulheres que por aqui chegaram e lutaram, criaram, bordaram, pintaram, marcaram sua época e tiveram sempre uma preocupação pelo senso comum, pela comunidade, mesmo lidando todo o tempo com linhas tênues do próprio “ser mulher”.
Foram tantas mulheres de coragem e persistência que cristalizaram e inspiraram inúmeras outras histórias, tornando-se espelho perante os quais outras mulheres puderam mirar-se, reconhecer-se e projetar-se no futuro que elegi cinco delas, das quais tive o prazer de entrevistar pessoalmente e partilhar experiências com muitos aprendizados:
Das letras datilografadas a mão, com inspiração em músicas e paisagens, Dona Roma Vaccari escrevia seus poemas e textos teatrais, uma das primeiras dramaturgas da cidade, também atriz de rádio novela, que me ensinou que nas adversidades devemos “olhar para cima não para baixo”.
Ana Glenda Brussius Viezzer, uma das mulheres com maior envolvimento comunitário, seja como professora, diretora, presidente da Fundação Cultural de Canela, que sempre lutou para desenvolver a cultura e me ensinou que quando temos um sonho, devemos colocar o melhor salto, a melhor echarpe, o projeto debaixo do braço e sair pedindo apoio elegantemente e com bravura.
Já a Dona Erena Leonora Feldmann Thomas, a primeira mulher a ser presidente da Câmara de Vereadores, em meio a lágrimas e sorrisos me disse que jamais comprou voto contra alguém e me aconselhou a nunca trabalhar em lugares que eu não goste. “Se não ama, não fique!”
Em meio a um café, Dona Nadyr da telefônica, como era chamada Nadyr Simões, uma das primeiras mulheres a trabalhar na empresa de telefonia, viu Canela crescer e evoluir e desempenhava sua função com excelência. Me diz entre um gole e outro: "escutar as pessoas com amor, é um dom".
A simpática Dona Alda Gil Alves, que lembra do apito do trem e das crianças correndo para a estação, a frente do Baratilho Canelense, um dos primeiros comércios da década de 50, calmamente afirma: “sou da época que a palavra e assinatura no caderninho valiam ouro”.
Haveriam várias outras para falar e escrever, pois assim como eu, você e outras mulheres, reunimos em nós o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios, o tempo que se foi com o último apito do trem e os novos tempos ainda em construção, também pelas mãos femininas tecendo histórias, crepitando de tão novas e ainda verdes. Elas são o já!
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