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1950 a 1959

Atualizado: 3 de abr.

Uma virada de página

Do final dos anos 40 ao final da década de 50, o mundo todo viveu um período de efervescência cultural e tecnológica. Em Canela, foi nessa época em que nasceram e cresceram a maioria dos adultos que hoje estão aqui para contar as histórias deste livro, inclusive eu. Ao retomar a história da cidade, desde que os Wasem chegaram no Caracol, até 2020, percebe-se claramente o quanto tudo o que é feito, em qualquer momento das nossas vidas, tem um significado, e que nada é por acaso. Enquanto recebia as narrativas escritas ou entrevistava os sucessores das primeiras famílias que vieram, confirmei a convicção do quanto é importante entendermos os valores e os esforços que nossos antepassados fizeram para que hoje pudéssemos estar aqui, e o quanto de gratidão devemos nós a eles. As histórias da vida de todas as pessoas estão encadeadas por um fio muito sutil e o resultado do que Canela é hoje, transformada em um dos mais procurados destinos turísticos do Brasil, se deve absolutamente a tudo o que fizeram as pessoas que vieram antes de nós. Dos 50 para trás, podemos conhecer nossa história graças a dedicação de uma vida que fez Antônio Olmiro dos Reis colecionar e guardar a memória da cidade. Destes anos 50 para frente mudamos a forma de contar os acontecimentos, aproveitando as narrativas de pessoas que vivem e fazem a história acontecer.


Liliana Reid


1950


O Primeiro Comício

A multidão que aparece nesta foto, do Acervo de Antônio Olmiro dos Reis (AAOR), é de sete de novembro de 1950, quando ocorreu o primeiro comício em Canela, com a pré-candidatura do General Ernesto Dornelles a governador do Estado. Atrás, aparece a construção do novo Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora e ao lado a escola provisória de madeira.



1951


A Rádio de Canela

No dia 21 de maio a Rádio Clube de Canela começou a funcionar regularmente, após um período experimental. O programa inaugural foi apresentado às 10 horas no Cine Marabá. Os sócios eram Antônio Luiz Wender e Semílio Zeferino Munaretti.


Hospital

A ala oeste do Hospital de Caridade de Canela é entregue a população, depois de longas articulações da Diretoria e do Grande Conselho, sendo provedor Rinaldo Dieterich e vice-provedor o Padre Marchesi. Nas novas instalações, o Hospital oferecia condições para intervenções cirúrgicas e alojamento para os doentes. Os médicos adquiriram por conta própria o material cirúrgico e os aparelhos de Raio X.



1952


Nova gestão

Foi eleito e assumiu João Alfredo Corrêa Pinto como prefeito, e Dante Bertoluci como vice. Mas, afastado por enfermidade em setembro do mesmo ano, João Alfredo deixou o cargo e Dante cumpriu o mandato até dezembro de 1955.


A Inauguração do Ginásio

Após muito empenho do Padre Marchesi e das famílias de Canela para arrecadar fundos para a conclusão da obra, finalmente no dia 3 de agosto foi inaugurado o Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora no ano de 1952. As Irmãs Bernardinas ministravam as disciplinas de Matemática, Português, História e Geografia, ficando a cargo do padre da paróquia as aulas de religião.


A Escola era de ensino misto, e somente nas manhãs de domingo, durante a missa, é que os meninos e meninas sentavam em fileiras separadas. Funcionou até 1976, sob a direção das Irmãs Bernardinas, após encerrar as atividades, ficou sob a administração da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes e, por tempos abrigou instituições, como o Centro de Memória do Trabalho de Canela e estabelecimentos comerciais, com acréscimo de pequenas construções com acessos para a calçada.


O Colégio Nossa Senhora Auxiliadora inaugurou com pompa e circunstância, reunindo algumas das figuras mais notáveis do Estado: o Governador, General Ernesto Dornelles, o Secretário do Interior Dr. Egídio Michaelsen, o representante do Arcebispo e todos os representantes do clero local e autoridades estaduais e municipais. Foi o acontecimento mais importante da região naquela época.


Canela nos Jogos Olímpicos

Ademar Faller se torna o primeiro morador de Canela presente nos Jogos Olímpicos ao participar de edição de 1952, em Helsinque, na Finlândia. Ganhou o quarto lugar na prova de tiro.

Atiradores do Esporte Clube Serrano. Da esquerda para a direita, de pé: Armando Dick, Darci Perottoni, Ademar Faller e Tanaka. Agachados: Neizinho Schaeffer, Ary Piva, Reinoldo Cristóffoli e Wigando Erzinger.
Atiradores do Esporte Clube Serrano. Da esquerda para a direita, de pé: Armando Dick, Darci Perottoni, Ademar Faller e Tanaka. Agachados: Neizinho Schaeffer, Ary Piva, Reinoldo Cristóffoli e Wigando Erzinger.

Projeto retomado

Por volta do ano de 1952, formou-se uma comissão com a finalidade de retomar o projeto da Casa de Veraneio do Governador do Estado. Foi criado um Livro Ouro, que com a ajuda dos canelenses, arrecadou o suficiente para os alicerces da obra. O Prefeito da época, Dante Bertoluci, ao ser procurado pelo presidente da comissão de apoio à construção, resolveu assumir e ajudar no projeto. Conseguiu, com a Brigada Militar, tijolos, telhas e aberturas, já que a entidade tinha, na época, olaria e carpintaria. Com a Secretaria Estadual de Obras Públicas, conseguiu material como pregos, parafusos e dobradiças. A madeira para as paredes foi doada pelos madeireiros de Canela, apoiados por comerciantes e outros serviços da comunidade canelense.


1953


A Casa de Pedra

A Casa de Pedra de Canela foi construída no ano de 1953, pela Associação Rural. A área, de 700 m², serviu inicialmente para abrigar a Associação e suas atividades, e ficou muitos anos no local. Após este período, a Prefeitura Municipal de Canela instalou-se no local até o ano de 1990 e, no ano de 1992, a Câmara de Vereadores de Canela, ocupou o espaço como sua sede.


Em 1999, o prédio passou por uma grande reforma para que pudesse ser implantado o do Teatro Casa de Pedra, com capacidade para aproximadamente 190 pessoas, um complexo com salas de cinema, espaço múltiplo para artes, comércio de souvenires e chocolates e o largo da Casa de Pedra.


Primeira Formatura

A formatura da primeira turma do Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora ocorreu em dezembro de 1953, quando as matrículas já registravam 315 alunos atendidos por 20 professoras lideradas pela Reverenda Irmã Jandira, recém chegada dos Estados Unidos, de onde trouxe novos métodos de ensino.

 

Pedra Fundamental

É colocada, por Dom Vicente Scherer, Arcebispo de Porto Alegre, a pedra fundamental da Igreja Matriz, futura Catedral de Pedra de Canela.


Clique na imagem e conheça as obras de arquitetura que marcaram a década de 50 em Canela!
Clique na imagem e conheça as obras de arquitetura que marcaram a década de 50 em Canela!

1954


Cadeia Civil

A polícia de Canela ganha sede própria com a inauguração da Cadeia Civil. O efetivo da Brigada passa de sete homens para treze, com um comandante, dois cabos e dez soldados, armados com treze mosquetões.


Canela Ganha um Palácio

No dia 17 de abril, com a presença do Governador do Estado, o General Ernesto Dorneles, do Secretário da Fazenda, Leonel Brizola, do Prefeito de Canela, Dante Bertoluci, autoridades civis e militares e a comunidade de Canela, inaugura com um grande churrasco o Palácio das Hortênsias, na área comprada pelo Governo do Estado da família Corrêa em 1941.


CTG Querência

No dia 22 de julho, foi fundado o Centro de Tradições Gaúchas Querência de Canela, a entidade tradicionalista mais antiga do Estado. A ideia surgiu durante uma roda de amigos no Esporte Clube Serrano. Deram-lhe o nome Querência por ser assim que o gaúcho chama sua terra natal. O CTG de Canela teve sua primeira invernada artística em 1958. A construção da sede social iniciou em 1962, e o patrão do grupo era Afonso Huff. Enquanto a sede não estava pronta, os bailes eram realizados no Clube Serrano. Para as atividades campeiras, o CTG Querência somente foi ter terreno próprio em 1979, com 5 hectares de terras, na localidade do Saiqui.


1955


Morre o dono da Cascata do Caracol

Pedro da Silva Nunes morreu no dia 7 de dezembro de 1955, depois de 6 meses de internação no Hospital Espírita, em Porto Alegre. A decisão sobre a desapropriação de suas terras para dar lugar ao Parque Estadual do Caracol havia sido um golpe fatal, abalando a saúde do homem que dedicou sua vida para cuidar do lugar.

O velório aconteceu na casa que ele acabara de construir para viver ao lado da cascata, que não chegou a habitar, e foi enterrado no Cemitério do Caracol. Sua casa ainda serviu de moradia para sua família por alguns anos após o aviso de desapropriação e, mais tarde, foi sede do Projeto Lobo Guará de Educação Ambiental.

 

1956

O Turismo no Caracol

A Cascata do Caracol é transformada em atração turística pelo então Governador, General Ernesto Dorneles. Com o passar do tempo, o progresso foi chegando a Canela, e, com ele, a desapropriação da área onde hoje fica o Parque Estadual do Caracol. A escritura de desapropriação foi assinada pelos cinco filhos de Pedro Nunes, descendentes de Guilherme Wasem. Devido à maravilhosa cascata e ao turismo cresente, as estradas da Lageana e do Caracol começaram a ser abertas, primeiramente, alargando trilhas, com os operários quebrando rochas com tiros e picaretas. As serrarias do Caracol precisavam de melhores condições para passar caminhões carregados com os poucos pinheiros que ainda restavam, por onde antes passavam carroças puxadas por mulas.


1957


Uma escola só para meninos

No dia 22 de janeiro, chegaram em Canela os Irmãos Maristas. Inicialmente as aulas eram no Círculo Operário Canelense, onde atualmente está a Caixa Econômica Federal. Os colégios, na maioria das vezes, tinham o sistema de internato e eram divididos por gêneros. Os meninos estudavam nos colégios de padres e as moças frequentavam os internatos de freiras. Em Canela a divisão da escola por gênero somente ocorreu com a chegada dos Irmãos Maristas, que passaram a atender somente meninos, ficando a cargo da escola Nossa Senhora Auxiliadora a educação das meninas.

 

O Cinema

Assim como a igreja, escolas e o hospital, o cinema também inaugurou um novo local, mais amplo e mais bonito, com capacidade para 1.110 pessoas e uma grande tela que comportava a apresentação de grandes produções cinematográficas, como, por exemplo, Os dez Mandamentos. Nos anos seguintes, o Cine Theatro João Corrêa continuou com suas atividades de sessões de filmes, algumas peças de teatro e apresentação de grupos musicais e também com a Hora da Arte, quando, então, as pessoas da comunidade tinham oportunidade de se apresentar.


ACIC em nova sede

Em 13 de novembro de 1957, a assembleia da ACIC escolhe Osmildo Oppitz como novo presidente. A partir de 2 de dezembro daquele ano, quando é inaugurada oficialmente a nova sede da Associação na Rua Júlio de Castilhos, junto a Associação Rural, os empresários começam a pressionar o governo estadual para a abertura da estrada entre Canela e Taquara.


1958


A Fantástica Casa de Ludovico Corso

Ludovico Inocente Corso, descendente de genoveses, possuía serrarias em Canela e região desde a década de 1940, no auge do extrativismo e exportação de madeira da araucária.


Os Corso eram considerados uma das famílias mais abastadas do município, e Ludovico, ao construir sua casa, seguiu o fascínio pela arquitetura aplicada a opulentas villas italianas, de prósperas e elegantes famílias, que, além da função de representação social, tinham nas residências um tranquilo e sofisticado refúgio para o grupo familiar e amigos. A obra foi iniciada em 1958 e concluída em 1959.


Após a morte de Ludovico, a família vendeu o imóvel para um empresário alemão, e, em 2013, a casa foi adquirida por Gomercindo Chies para o uso de centro gastronômico, cultural e de lazer Magnólia.


1959


O Jornal Sentinela

O mais importante jornal da época tinha enorme quantidade de assinantes, não só de Canela como das cidades vizinhas, como Gramado, São Francisco de Paula, Taquara, Bom Jesus, Sapiranga, Jaquirana, Três Coroas, Esteio e Hamburgo Velho. O jornal Sentinela teve a direção de Francisco de Albuquerque Montenegro até 26 de setembro de 1959 e, após, a direção passou para as mãos de Ricardo Luiz Frizzo até 31 de janeiro de 1963. Após essa data deixou de existir.

 

A Capela de Caravaggio

Após a Igreja receber algumas terras no Saiqui como doação, o Cônego João Marchesi adquiriu o restante da área, já prevendo a ampliação do local para receber fiéis. A ideia inicial era construir uma capela em homenagem a Santa Bernadette, depois para Nossa Senhora de Lourdes, padroeira da paróquia de Canela.


No entanto, no dia 22 de maio de 1959, a viúva Ângela Sbardelotto Rigotto, devota de Nossa Senhora de Caravaggio, em cumprimento a uma promessa, doou uma imagem da Santa do Caravaggio para a paróquia Nossa Senhora de Lourdes. Provisoriamente, a imagem foi levada para o altar da Capela do Saiqui, e, uma festa com procissão foi realizada neste mesmo ano.


A pedido de muitos devotos pela continuidade das devoções e procissões em homenagem a Nossa Senhora do Caravaggio, o Padre Marchesi acabou por concordar com os pedidos da população: “dali por diante a festa tomou tal vulto que se obrigou a pedir à Cúria a nomeação da Santa do Caravaggio, como padroeira da capela, em lugar de Santa Bernadette”.



Você Sabia?


Canela possui duas usinas hidrelétricas em seu território, a Usina Hidrelétrica de Canastra (1956) e a Usina Hidrelétrica Bugres (1952). Ambas estão localizadas no curso do Rio Paranhana, e contam também com águas do Rio Santa Cruz, desviado por um túnel de 2.080 m de comprimento e 2,2 m de diâmetro, desde a Barragem do Salto, em São Francisco de Paula.



Fim da década de 50

Pode-se dizer que a era de ouro de Canela, no século XX, foi a década de 50. Tudo andava bem e prosperando. O trem subia a serra sempre cheio de turistas e o comércio da madeira atingiu seu ápice. Mas tudo estava bem próximo de mudar. Não houve replantio, as madeireiras não tinham mais o que tratar. Como uma mina de ouro que se esgota, não houve preocupação em repor as arvores nativas. As estradas de ferro foram desativadas e o turismo que fora tão promissor no Caracol decaiu. Criou-se a periferia e a crise econômica e social.

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