Do final dos anos 40 ao final da década de 50 o mundo todo viveu um período de efervescência cultural e tecnológica. Em Canela foi nessa época em que nasceram e cresceram a maioria dos adultos que hoje estão aqui para contar as histórias deste livro, inclusive eu. Ao retomar a história da cidade, desde que os Wasem chegaram no Caracol até 2020, percebe-se claramente o quanto tudo o que é feito, em qualquer momento das nossas vidas tem um significado, e que nada é por acaso. Enquanto recebia as narrativas escritas ou entrevistava os sucessores das primeiras famílias que vieram confirmei a convicção do quanto é importante entendemos os valores e os esforços que nossos antepassados fizeram para que hoje pudéssemos estar aqui, e o quanto de gratidão devemos nós a eles. As histórias da vida de todas as pessoas estão encadeadas por um fio muito sutil e o resultado do que Canela é hoje, transformada em um dos mais procurados destinos turísticos do Brasil se deve absolutamente a tudo o que fizeram as pessoas que vieram antes de nós. Dos 50 para trás, podemos conhecer nossa história graças a dedicação de uma vida que fez Antônio Olmiro dos Reis colecionar e guardar a memória da cidade. Destes anos 50 para frente mudamos a forma de contar os acontecimentos, aproveitando as narrativas de pessoas que vivem e fazem a história acontecer.
Liliana Reid
1950
O Primeiro Comício
A multidão que aparece nesta foto, do Acervo de Antônio Olmiro dos Reis (AAOR), é de sete de novembro de 1950 quando ocorreu o primeiro comício em Canela, com a pré-candidatura do General Ernesto Dornelles a governador do Estado. Atrás aparece a construção do novo Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora e ao lado a escola provisória de madeira.
ATERRISSAGEM FORÇADA
de um avião da empresa Real, que ia para o Rio de Janeiro, levando a bordo 22 passageiros. Ninguém se feriu.
Começa a Fórmula 1
a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) anuncia a prova inaugural do primeiro campeonato mundial de Fórmula 1.
O MARACANAZO
Captaneada por Obdulio Varela, a Celeste olímpica bate o Brasil em pleno Maracanã por 2 x 1 com os gols de Schiafino e Ghigia e o Uruguai se sagra campeão do mundo de 1950, no que entrou para a histório como “O MARACANAZO”.
As Belas Construções dos Anos 50
1951
Hospital - A ala oeste do Hospital de Caridade de Canela é entregue a população, depois de longas articulações da Diretoria e do Grande Conselho, sendo provedor Rinaldo Dieterich e vice-provedor o Padre Marchesi. Nas novas instalações o Hospital oferecia condições para intervenções cirúrgicas e alojamento para os doentes. Os médicos adquiriram por conta própria o material cirúrgico e os aparelhos de Raio X.
Canela - No dia 21 de maio a Rádio Clube de Canela começou a funcionar regularmente, após um período experimental. O programa inaugural foi apresentado às 10 horas no Cine Marabá. Os sócios eram Antônio Luiz Wender e Semilio Zeferino Munaretti.
A relação dos antigos locutores e artistas de rádio novela, assim como histórias verídicas pitorescas pode ser lido no livro Canela por Muitas Razões dos autores Pedro Oliveira, Marcelo Veeck e Antônio
Olmiro dos Reis
1952
Foi eleito e assumiu João Alfredo Corrêa Pinto como prefeito, e Dante Bertoluci como vice. Mas afastado por enfermidade, em setembro do mesmo ano, João Alfredo deixou o cargo e Dante cumpriu o mandato até dezembro de 1955.
Canela - Na imagem do Acervo de Antônio Olmiro dos Reis, de 1951 vêm-se os alunos do Jardim de Infância da Escola Cristo Redentor. Essa fotografia foi obtida do interior de uma sala de aula de Canela, provavelmente no inverno e pode-se observar que os bancos ou cadeiras das salas de aula das crianças eram próprios para a idade delas.
A Inauguração do Ginásio
Após muito empenho do Padre Marchesi e das famílias de Canela para arrecadar fundos para a conclusão da obra, finalmente no dia 3 de agosto foi inaugurado o “Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora” no ano de 1952. As Irmãs Bernardinas ministravam as disciplinas de Matemática, Português, História e Geografia, ficando a cargo do padre da paróquia as aulas de religião.
A Escola era de ensino misto, e somente nas manhãs de domingo, durante a missa, é que os meninos e meninas sentavam em fileiras separadas. Funcionou até 1976 sob a direção das Irmãs Bernardinas, após encerrar as atividades, ficou sob a administração da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes e, por tempos abrigou instituições, como o Centro de Memória do Trabalho de Canela e estabelecimentos comerciais, com acréscimo de pequenas construções com acessos para a calçada.
O Colégio Nossa Senhora Auxiliadora inaugurou com pompa e circunstância reunindo algumas das figuras mais notáveis do Estado: o Governador, General Ernesto Dornelles, o Secretário do Interior Dr. Egídio Michaelsen, o representante do Arcebispo e todos os representantes do clero local e autoridades estaduais e municipais. Foi o acontecimento mais importante da região naquela época. Segundo as palavras do Padre Marchesi registradas em 1951 no Livro Tombo da Paróquia: “Neste educandário dirigido com tanta eficiência pelas irmãs Bernardinas, são construídos os templos espirituais, que amanhã auxiliarão a construção da nova Matriz”. E, de fato, em 1953 é lançada, com êxito a pedra fundamental da Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes.
Projeto retomado
Por volta do ano de 1952, formou-se uma comissão com a finalidade de retomar o projeto da Casa de Veraneio do Governador do Estado. Foi criado um Livro Ouro, que com a ajuda dos canelenses, arrecadou o suficiente para os alicerces da obra. O Prefeito da época, Dante Bertoluci, ao ser procurado pelo presidente da Comissão de apoio à construção resolveu assumir e ajudar no projeto. Conseguiu, com a Brigada Militar, tijolos, telhas e aberturas, já que a entidade tinha, na época, olaria e carpintaria. Com a Secretaria Estadual de Obras públicas conseguiu material como pregos, parafusos e dobradiças. A madeira para as paredes foi doada pelos madeireiros de Canela, apoiados por comerciantes e outros serviços da comunidade canelense.
1953
A Casa de Pedra
A Casa de Pedra de Canela foi construída no ano de 1953 pela Associação Rural. A área de 700 m², serviu inicialmente para abrigar a Associação e suas atividades e ficou muitos anos no local. Após este período, a Prefeitura Municipal de Canela instalou-se no local até o ano de 1990 e, no ano de 1992, a Câmara de Vereadores de Canela, ocupou o espaço como sua sede. Em 1999, o prédio passou por uma grande reforma para que pudesse ser implantado o do Teatro Casa de Pedra, com capacidade para aproximadamente 190 pessoas, um complexo com salas de cinema, espaço múltiplo para artes, comércio de souvenires e chocolates e o largo da Casa de Pedra. Foi utilizado para eventos até 2018. No entorno da Casa de Pedra é possível ver alguns monumentos referentes a Semana do Bebê e Dia do Bebê, realizados desde 2004 em Canela. Atualmente a Administração Municipal está captando recursos para execução de projeto de reforma e revitalização do prédio.
Primeira Formatura
A formatura da primeira turma do Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora ocorreu em dezembro de 53 quando as matrículas já registravam 315 alunos atendidos por 20 professoras lideradas pela Reverenda Irmã Jandira, recém chegada dos Estados Unidos de onde trouxe novos métodos de ensino. (foto daquele quadro de formandos)
Pedra Fundamental - É colocada, por D. Vicente Scherer, Arcebispo de Porto Alegre, a pedra fundamental da Igreja Matriz, futura Catedral de Pedra de Canela.
1954
A polícia de Canela ganha sede própria com a inauguração da Cadeia Civil. O efetivo da Brigada passa de sete homens para treze, com um comandante, dois cabos e dez soldados, armados com treze mosquetões.
Canela Ganha um Palácio
Em 17 de abril, com a presença do Governador do Estado, o General Ernesto Dorneles, do Secretário da Fazenda, Leonel Brizola, do Prefeito de Canela, Dante Bertolucci, autoridades civis e militares e a comunidade de Canela, inaugura com um grande churrasco o Palácio das Hortênsias, na área comprada pelo Governo do Estado da família Corrêa em 1941.
CTG Querência
No dia 22 de julho foi fundado o Centro de Tradições Gaúchas Querência de Canela, a entidade tradicionalista mais antiga do Estado. A ideia surgiu durante uma roda de amigos no Clube Serrano. Deram-lhe o nome Querência por ser assim que o gaúcho chama sua terra natal. O CTG de Canela teve sua primeira invernada artística em 1958. A construção da sede social iniciou em 1962 e o patrão do grupo era Afonso Huff. Enquanto a sede não estava pronta, os bailes eram realizados no Esporte Clube Serrano. Para as atividades campeiras, o CTG Querência somente foi ter terreno próprio em 1979, com 5 hectares de terras, na localidade do Saiqui.
O Turismo no Caracol
A cascata do Caracol é transformada em atração turística pelo então Governador Ernesto Dorneles. Com o passar do tempo, o progresso foi chegando a Canela, e, com ele, a desapropriação da área onde hoje fica o Parque Estadual do Caracol. A escritura de desapropriação foi assinada pelos cinco filhos de Pedro Nunes, descendentes de Guilherme Wasem. Devido à maravilhosa cascata e ao turismo crescente, as estradas da Lageana e do Caracol começaram a ser abertas, primeiramente, alargando trilhas, com os operários quebrando rochas com tiros e picaretas. As serrarias do Caracol precisavam de melhores condições para passar caminhões carregados com os poucos pinheiros que ainda restavam, por onde antes passavam carroças puxadas por mulas.
1955
Pedro Nunes e a Cascata do Caracol
Pedro da Silva Nunes era um homem visionário e empreendedor. Apesar de levar uma vida modesta, morando com sua família em sua pequena casa de madeira, era dono de uma das mais belas áreas do Rio Grande do Sul. A Cascata do Caracol era toda sua, e foi para cuidar e preservar sua terra que se doou, de corpo e alma, cada dia de sua vida.
Entendeu que já naqueles idos tempos do começo do século passado, as pessoas procurariam o Caracol por suas belezas naturais e seu clima favorável às curas físicas, mentais e espirituais.
O lugar era tão lindo que, apesar das dificuldades de infraestrutura, em seguida os hotéis começaram a se instalar por ali. A falta de energia elétrica não foi problema para Pedro Nunes que prontamente desenvolveu uma solução: contratou engenheiros e construtores para fazer uma barragem no Arroio Caracol. Parte das águas foi desviada e construíram uma hidrelétrica, colocando postes e fiação em toda a vizinhança. Assim, por iniciativa de Pedro, os 4 hotéis, as casas de veranistas e de todos os moradores locais ganharam moderna iluminação elétrica.
Com a ajuda de seus 5 filhos: Ivo, Ivone, Nilo, Nelson e Ênio, Pedro Nunes e sua esposa Irma continuaram a trabalhar por muitos anos para receber os turistas, que apareciam, atraídos pela natureza e as quedas de água do Caracol. E assim foi durante três décadas, de 1930 até o final dos anos 50, quando o Governo do Estado, percebendo o valor, a beleza e grandiosidade da nossa Cascata, desapropriou seus legítimos donos deste local, para criar o mais importante e visitado Parque do Estado, o Parque Estadual do Caracol.
A casa existente dentro do Parque, antiga moradia de Pedro Nunes e sua família, abrigou por muitos anos a sede do Projeto Lobo Guará.
Contado por Vera Brocker Boeira, neta de Pedro Nunes.
1955
Morre o dono da Cascata do Caracol - Pedro da Silva Nunes, morreu no dia 7 de dezembro de 1955 depois de 6 meses de internação no Hospital Espirita em Porto Alegre. A decisão sobre a desapropriação de suas terras para dar lugar ao Parque estadual do Caracol havia sido um golpe fatal, abalando a saúde do homem que dedicou sua vida para cuidar do lugar.
O velório aconteceu na casa que ele acabara de construir para viver ao lado da cascata e que não chegou a habitar e foi enterrado no Cemitério do Caracol. Sua casa ainda serviu de moradia para sua família por alguns anos após o aviso de desapropriação e mais tarde foi sede do projeto Lobo Guará de Educação Ambiental.
Todas as mulheres queriam uma Singer
Em 1955 o Presidente da República João Café Filho inaugurou a primeira fábrica de máquinas de costura da América do Sul, em Campinas, SP. A autorização para a instalação da Singer no Brasil foi assinada pela Princesa Isabel em 1888. Foi a primeira empresa a introduzir o sistema de vendas a prazo no Brasil. Em 1894, as máquinas de costura de pedal passaram a ser um item importante nas listas de casamento das mulheres que além de fazer reparos e costuras domésticas, também puderam contribuir com a renda familiar costurando para fora.
Uma escola só para meninos
Dia 22 de janeiro chegaram os Irmãos Maristas. Inicialmente as aulas eram no Círculo Operário Canelense, onde atualmente está a Caixa Econômica Federal. Os colégios, na maioria das vezes, tinham o sistema de internato e eram divididos por gêneros. Os meninos estudavam nos colégios de padres e as moças frequentavam os internatos de freiras. Em Canela a divisão da escola por gênero somente ocorreu com a chegada dos Irmãos Maristas, que passaram a atender somente meninos, ficando a cargo da escola Nossa Senhora Auxiliadora educação das meninas.
O Cinema
Assim como a igreja, escolas, hospital, o cinema também inaugurou um novo local, mais amplo e mais bonito, com capacidade para 1.110 pessoas e uma grande tela que comportava a apresentação de grandes produções cinematográficas, como, por exemplo, Os dez Mandamentos. Nos anos seguintes, o Cine Theatro João Corrêa continuou com suas atividades de sessões de filmes, algumas peças de teatro e apresentação de grupos musicais e também com a Hora da Arte, quando, então, as pessoas da comunidade tinham oportunidade de se apresentar.
O Cinema era a maior diversão!
Antônio Olmiro dos Reis é também um colecionador de histórias, conhecidas como “as verídicas”, e as conta com a empolgação de quem viveu plenamente todas as emoções. Conta divertido, desde fatos mais graves como o dia em que o rolo do filme pegou fogo e o dono do cinema, já irritado com as vaias jogou o projetor contra a plateia, até as bobagens tipo espantar o pássaro da Condor Filmes na abertura das projeções, fazer ruídos maliciosos, soltar pum durante as cenas românticas, vaiar quando o filme era interrompido. Eram inesquecíveis brincadeiras ingênuas de uma geração de jovens felizes.
ACIC em nova sede
Em 13 de novembro de 1957, a assembleia da ACIC escolhe Osmildo Oppitz como novo presidente. A partir de 2 de dezembro daquele ano, quando é inaugurada oficialmente a nova sede da Associação na Rua Júlio de Castilhos, junto a Associação Rural, os empresários começam a pressionar o governo estadual para a abertura da estrada entre Canela e Taquara.
1958
A Fantástica Casa de Ludovico Corso
Ludovico Inocente Corso, descendente de genoveses, possuía serrarias em Canela e região desde a década de 1940 no auge do extrativismo e exportação de madeira da araucária. A família Corso no Rio Grande do Sul chegou em mais de uma data no processo de imigração italiana, mas a maior incidência foi em Caxias do Sul e Farroupilha. Já nos anos de 1930 aparece o nome Quintino Corso como importante madeireiro em Cazuza Ferreira - São Francisco de Paula. Entre os empreendimentos da família em Canela, além das serrarias e negócios de exportação, se destaca a Auto Comércio Corso, de Ludovico e Adelar Corso (ficava na atual esquina das ruas Felisberto Soares e Dona Carlinda na década de 1960/70). Considerada uma das famílias mais abastadas do município, provavelmente Ludovico, ao construir sua casa seguiu o fascínio pela arquitetura aplicada a opulentas villas italianas, de prósperas e elegantes famílias, que além da função de representação social tinham nas residências um tranquilo e sofisticado refúgio para o grupo familiar e amigos. A frente assemelha-se a um templo grego. O grande destaque fica por conta do pórtico que configura uma porte-cochère, com acesso de veículos pelas duas ruas e grandes colunas com capitéis jônicos. A obra desenhada por Calegari foi iniciada em 1958 e concluída em 1959 e teve como construtores responsáveis J.L.M. Niederauer e Waldyr Marchioro de Caxias do Sul. Após a morte de Ludovico, a família vendeu o imóvel para um empresário alemão provedor de internet – Postal das Hortênsias - e, em 2013 a casa foi adquirida pelo o Sr. Gomercindo Chies para o uso de centro gastronômico, cultural e de lazer Magnólia.
Jornal O Sentinela
O mais importante jornal da época tinha enorme quantidade de assinantes, não só de Canela como das cidades vizinhas como Gramado, São Francisco de Paula, Taquara, Bom Jesus, Sapiranga, Jaquirana, Três Coras, Esteio e Hamburgo Velho. O jornal Sentinela teve a direção de Francisco de Albuquerque Montenegro até 26 de setembro de 1959 e, após, a direção passou para as mãos de Ricardo Luiz Frizzo até 31 de janeiro de 1963. Após essa data deixou de existir.
Você Sabia?
Canela possui duas usinas hidrelétricas em seu território, a Usina Hidrelétrica de Canastra (1956) e a Usina Hidrelétrica Bugres (1952). Ambas estão localizadas no curso do rio Paranhana e contam também com águas do rio Santa Cruz, desviado por um túnel de 2.080 m de comprimento e 2,2 m de diâmetro desde a Barragem do Salto, em São Francisco de Paula.
Distante 22 km da sede na RS 235 entre Canela e São Francisco de Paula. São represas com grandes volumes de água, todas três piscosas, servem como alimentadoras do Sistema Energético Salto, (CEEE) - Companhia Estadual de Energia Elétrica, acumulam água para a geração de energia nas Usinas de Bugres e Canastra, de 51.000 Kw/h.
Fim da década de 50
Pode-se dizer que a era de ouro de Canela, no século XX, foi a década de 50. Tudo andava bem e prosperando. O trem subia a serra sempre cheio de turistas e o comércio da madeira atingiu seu ápice. Mas tudo estava bem próximo de mudar. Não houve replantio, as madeireiras não tinham mais o que tratar. Como uma mina de ouro que se esgota, não houve preocupação em repor as arvores nativas. As estradas de ferro foram desativadas e o turismo que fora tão promissor no Caracol decaiu. Criou-se a periferia e a crise econômica e social.
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